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A disrupção vai te ferir, mas não desista

Atualizado: 23 de mai. de 2020




Quando o cantor e compositor Renato Russo escreveu, em meados dos anos 80, que “o futuro não é mais como era antigamente” muita gente ficou sem entender muito bem o sentido dessa frase. Porém ela nunca foi tão apropriada, principalmente no mundo em que vivemos. Você já parou para pensar que nossos avós não tiveram a oportunidade de viver tempos de constantes mudanças? Da infância à fase adulta eles leram seus livros da mesma forma, realizaram compras da mesma forma, ouviram música e se comunicaram da mesma forma.


Eu, por exemplo, só nos últimos 15 anos, pude substituir os livros físicos por um Kindle, ouvir músicas em vinil, fita K-7, CDs, MP3 e Streaming, fazer compras em supermercados, pelo 1406 (sim, eu comprei o Ambervision) e pelo smartphone. Pude falar com meus amigos pessoalmente, por telefone, por e-mail, por SMS, por mensagem instantânea e por videochamada. Nenhuma outra geração presenciou tantas mudanças como a nossa. O gráfico de inovação cresce exponencialmente. Vivemos o presente quântico, onde as certezas são “feitas de trouxa” constantemente.


A Física Quântica nos ensina que o Universo não é composto de uma única realidade, mas de infinitas realidades que coexistem, na chamada sobreposição quântica. Na nossa vida isso não é diferente. Conviver com realidades distintas nos faz perseguir uma nova maneira de lidar com o presente, de forma que buscamos comprimir essas realidades em um único ponto, conforme nos sugere a própria física quântica.


Então por que ainda existe tanta resistência às mudanças?


Dada a analogia, o ambiente corporativo, de um modo geral, abriga uma luta silenciosa entre o discurso e a realidade quando o assunto é disrupção, quebra de paradigma, processos enxutos, cultura ágil e gestão humanizada. É essa luta inglória que sufoca o “presente quântico” expõe o abismo entre aqueles que desejam manter o status quo e os que se dão ao trabalho de olhar minimamente para onde direcionar o feche de luz.

Recentemente, durante uma aula de Análise e Projetos Orientados a Objetos da pós-graduação que estou concluindo, o professor realizou um fórum para discutirmos sobre RUP e modelagem de dados utilizando UML (puts, dá até vergonha de falar isso). Todos os alunos que falaram bem da UML, de alguma forma, ganharam 1 ponto extra. Quando chegou a minha vez a primeira frase que disse foi:


– E quem ainda precisa usar UML?


Eu pude ver o ódio nos olhos daquele professor. Como eu poderia discordar aquilo que é a fonte de renda dele? Ainda mais na frente de todos os outros alunos. Afinal ele ganha para dar aula sobre UML. Me senti um daqueles alunos do Prof. Keating (do filme Sociedade dos Poetas Mortos), subindo na carteira como forma de protesto.


No fim das contas fui o único a não ganhar o ponto extra, só por causa de uma pergunta que fugiu do convencional. Ninguém esperava ouvir algo diferente daquilo que todos já estavam falando. Ao mesmo tempo que o questionamento feito causou uma concordância imediata com, pelo menos, metade da sala. Isso quer dizer que, só para manter as coisas no seu devido lugar de origem, muitos abriram mão de defender seus pontos de vista para ganhar o ponto.


A lição que tirei com tudo que já fui obrigado e engavetar é que você sozinho não muda as regras do jogo, não altera a cultura de qualquer companhia, mas cria conexões muitas vezes imperceptíveis com aqueles que vêem em você alguém que se possa contar e dividir opiniões. Você sairá ferido de algumas “batalhas” por não ser só uma peça no jogo, mas a mudança de cultura das organizações vem da mudança de comportamento de todos. Grandes líderes foram forjados dentro de seus questionamentos: de Jesus Cristo à Mahatma Gandhi, todos agiram disruptivamente, cada um à sua maneira, mas sempre com sua fé naquilo que lhes parecia correto.


Não estou falando de “motins, greve e luta armada” para que as mudanças aconteçam, não precisamos disso. Se cada um de nós conseguir compreender o mundo ao nosso redor e todas as possibilidades que temos ao alcance de nossas mãos para oferecer valor em tudo que produzimos, já vai ser um ganho considerável no longo caminho que temos pela frente.

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